I. A NATUREZA DESTA ORDENANÇA 1. ELA NÃO É UM SACRAMENTO Os católicos romanos fazem da Ceia do Senhor, que eles chamam a Eucaristia , um dos seus sete sacramentos. E no seu compêndio de teologia conhecida por Catecismo, define-se um sacramento como segue: ?Um sacramento é um sinal visível ou ação instituído por Cristo para dar graça.? Mas não há fundamento na Escritura para uma tal idéia da Ceia do Senhor. Se a graça é recebida por meio de um ato externo de obediência, não é totalmente sem mérito. Isto contradiz o ensino que a vida eterna é um dom (Rom. 6:23) e que somos justificados livremente, o que quer dizer gratuitamente, por nada (Rom. 3:24). Também contradiz o ensino da Escritura que não somos salvos por meio das obras (Ef. 2:8; Tito 3:5). 2. ELA É UMA ORDENANÇA SIMBÓLICA Isso nega as duas coisas seguintes: (1). Que o corpo e o sangue de Cristo estão atualmente presentes no pão e no vinho. ?A Igreja Católica ensinou sempre a seus filhos que, no momento em que o sacerdote, na Missa, pronuncia as palavras de consagração do pão e do vinho, estes mudam no sagrado corpo e sangue de Cristo.? (The Seven Sacraments, Vincent Hornoyold, S. J.). Num esforço para substanciar este ensino quanto a real presença de Cristo no pão e no vinho, apelam os católicos para as palavras de Jesus em João 6:48-58 e fazem duas suposições sem fundamento. Primeiro, eles supõem, em antagonismo direto com as próprias palavras de Cristo, que Ele falou literalmente quando Ele disse: ?A menos que comais a carne do Filho do homem e bebais o Seu sangue, não tendes vida em vós mesmos.? (João 6:53). No verso 63 Ele plenamente indicou que Ele falara figurativamente nos versos precedentes. Ele disse: ?É o espírito que dá vida; a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos falei são espírito e vida.? Segundo, eles supõem, contrario ao texto, que Jesus aludia à nossa participação dEle na Eucaristia assim chamada. O verso quarenta e sete mostra que participamos dEle pela fé. Patente está a qualquer um não cegado por prejuízo que os versos quarenta e sete e cinqüenta e três são paralelos em sentido. Os católicos então levam sua interpretação literal sem base de qualquer outra passagem que fala do corpo e do sangue de Cristo em conexão com a Ceia do Senhor. Este literalismo brota do misticismo paganistico embebido pelo catolicismo romano. O princípio fundamental de salvação pelas obras também da sua contribuição a esta perversão da simplicidade escrituristica. (2). Que a celebração da ceia constitui uma repetição do sacrifício de Cristo. À celebração da Eucaristia os católicos aplicam o nome de ?Missa?. E lemos: ?Agora, na Missa oferece-se a Deus um sacrifício real, porque a humanidade de nosso bendito Senhor, por se colocar sob as formas do pão e do vinho, reduz-se equivalentemente ao estado inanimado de uma vitima, oferecida ao Pai Eterno pelo sacerdote?. (The Seven Sacraments, Hornyold, pág. 10). Em resposta a isto diz Strong: ?Envolve isto a negação da inteireza do sacrifício passado de Cristo e a suposição que um sacerdote humano pode repetir ou acrescentar à expiação feita por Cristo uma vez por todas (Heb. 9:28 ? apax prosenekueis). A Ceia do Senhor nunca é chamada sacrifício, nem de altares, sacerdotes ou consagrações se fala jamais em o Novo Testamento. Os sacerdotes da velha dispensação são expressamente contrastado com os ministros da nova. Ministraram os primeiros sobre coisas sagradas, a saber, celebraram ritos sagrados e serviram no altar; mas os últimos ? pregam o Evangelho? (1 Cor. 9:13, 14).? II. O SIGNIFICADO SIMBÓLICO DA CEIA DO SENHOR 1. É UMA COMEMORAÇÃO DA MORTE DO SENHOR Jesus disse: ?Fazei isto em memória de mim.? (1Cor. 11:24). A Ceia do Senhor, então, tende a refrescar nossas mentes quanto à morte vicária de Cristo. 2. É UMA PROCLAMAÇÃO DE SUA MORTE Jesus também disse: ?Todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálix, anunciais a morte do Senhor até que Ele venha.? (1 Cor. 11:26). De modo que a Ceia é uma ordenança prédicante tanto como comemorativa. Este fato favorece observar-se a ordenança na presença de toda a congregação em vez de despedir-se à congregação e fazer a igreja observa-la privadamente. Desde que é uma ordenança prédicante, testemunhe-a quem quiser. 3. É UM LEMBRETE DA SEGUNDA VINDA DE CRISTO Notamos na passagem há pouco citada as palavras: ?Proclamais a morte do Senhor até que Ele venha.? Assim, todas as vezes que se observa a ordenança somos lembrados que a estamos observando por causa da ausência da presença corporal de Cristo e que algum dia o simbólico dará logar ao literal. 4. SIMBOLIZA O FATO QUE SOMOS SALVOS POR NOS ALIMENTARMOS DE CRISTO Já frizamos que a nossa alimentação de Cristo não é literal. Participamos dEle pela fé e assim somos salvos, o eu está simbolizado na Ceia do Senhor. 5. FIGURA NOSSA NECESSIDADE DE PARTICIPARMOS CONSTANTEMENTE DE CRISTO PARA SUSTENTO ESPIRITUAL A repetição desta ordenança manifesta que a fé, pela qual participamos de Cristo, não é meramente uma coisa momentânea mas contínua, pela qual a alma é sustentada constantemente. 6. ASSINALA A UNIDADE DA IGREJA Em 1 Cor. 10:16-17 lemos: ?O cálix de benção que abençoamos, não é uma comunhão de (ou participação em) o sangue de Cristo? O pão (ou fatia) que partimos não é uma comunhão de (ou participação em) o corpo de Cristo? Vendo que nós, que somos muitos, somos um pão (ou fatia), um corpo: porque todos participamos de um pão (ou fatia).? Estes versos aventam o fato que a unidade da igreja se manifesta pelos membros participantes de uma fatia. Por essa razão o pão deverá ser trazido à mesa em uma fatia ou pedaço, doutra maneira o tipo não é tão impressivo. III. OS ELEMENTOS DA CEIA DO SENHOR Há dois e só dois elementos escrituristico, que são: 1. O PÃO ASMO Diz Strong: ?Ainda que o pão que Jesus partiu na instituição da ordenança foi indubitavelmente o pão asmo da Páscoa, não há nada no simbolismo da Ceia do Senhor que necessite o uso romanista da hóstia.? (Systematic Theology, pág. 539). Quanto às palavras exatas desta afirmação, concordamos com Strong e vamos ainda mais longe e dizemos que o uso romanista da hóstia (um disco chato e pequeno de farinha tostada) tende a obscurecer uma parte do simbolismo da Ceia; mas entendemos que a afirmação de Strong implica que o simbolismo da Ceia não carece do uso do pão asmo. Carece e por três razões, a saber: (1). Somente o pão asmo pode representar adequadamente o corpo sem pecado de Cristo O fermento é, caracteristicamente, tipo do pecado e está assim representado em 1 Cor. 5, em conexão com a Ceia do Senhor. (2). O pão asmo também responde a sinceridade de coração com que devemos participar da Ceia ?Guardemos a festa, não... com o fermento da malícia e da maldade, mas com o pão asmo da sinceridade e da verdade.? (1 Cor. 5:8). (3). O pão asmo, ainda mais, acentua a necessidade de purificar a igreja Purificai, pois, o fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como sois sem fermento; porque a nossa páscoa foi sacrificada por nós, a saber Cristo: pelo que, façamos a festa, não com o fermento velho, etc.? (1 Cor. 5:7,8). Esta passagem, seguindo a injunção de Paulo para excluir o incestuoso, mostra que ele ligou o pão asmo com a pureza da igreja. Pelas razões supra, bolachas e pão fresco nunca devem ser usados na celebração da Ceia do Senhor. Melhor é não celebra-la do que celebra-la impropriamente. 2. O VINHO FERMENTADO Damos três razões porque o vinho fermentado deverá ser usado: (1). Cristo usou vinho na instituição da Ceia. Sobre este ponto damos as seguintes citações: ?Todo judeu em a noite da Páscoa deve ter quatro copos de vinho vermelho? (A Páscoa Judaica e a Ceia do Senhor, por Harry Singer, noutro tempo superintendente da Missão Hebreu ? Cristã de Detroit, Mich.). Referência a Prov. 23:31 mostrará que qualidade de vinho é o vinho ?vermelho?. Todo judeu sabe que a Ceia Pascoal deve ser celebrada bebendo-se vinho genuíno e não suco de uva sem fermento... Achareis tudo isto completamente corroborado se consultardes a Encyclopedia Judaica, que é a mais fidedigna e autorizada em todos os assuntos judaicos? (De uma carta pessoal ao autor deste por J. Hoffman Cohn, Secretário Geral da Junta Americana de Missões aos Judeus, de Broklin, N. Y.). Leopold Cohn, editor de ?The Chose People?, em resposta à pergunta: ?Era fermentado ou não o vinho da Páscoa.? Disse: ?Sim, segundo o ritual judaico nenhum vinho pode ser assim chamado e usado nas cerimônias, a menos que seja intoxicante. Mais ainda, o vinho usado na Páscoa era tão forte que tinha de ser misturado com água.? Grandes tentativas se têm feito para provar que o vinho bebido na Ceia do Senhor era sem fermento, pelos e por amor dos obreiros temperantes do nosso tempo e país. Tais tentativas são aptas a fazer mais mal do que bem entre aquelas famílias de costumes orientais hoje, ou a história dessas nações. Mas o apóstolo Paulo estabeleceu o caso de abstinência total em Rom. 14 de tal maneira que não carece da ajuda traidora de uma exegese duvidosa para seu apoio.? (Peloubet?s Bible Dictionary). Pretendem alguns que Cristo se absteve de todo uso do vinho. Mas isto se presume em face do fato que Cristo, logo antes de Sua morte, bebeu vinagre? (Marcos 15:36; Mat. 27:48; João 19:28-30), o qual, segundo Thayer, Broadus, Hovey e W. N. Clark (os três últimos escritores em ?An American Commentary on the New Testament?) era vinho azedo que os soldados bebiam. (2). A igreja em Corinto usava vinho fermento na Ceia e não recebeu censura do apóstolo Paulo Sabemos que a igreja em Corinto usava vinho porque, pelo abuso dele na Ceia, alguns ficavam bêbados (1 Cor. 11:21). Um léxico grego mostrará que a palavra grega aqui quer dizer exatamente o que nós comumente entendemos pelo termo ?embriagado?. Outros casos do uso da mesma palavra grega (methuo) achar-se-á em Mat. 24:49; Atos 2:15; 1 Tess. 5:7. A respeito desta palavra, lemos em ?An American Commentary on the New Testament?: ?A palavra mesma significa está bêbado nada mais brando.? A passagem é conclusiva quanto ao vinho usado por eles na Ceia do Senhor. Marcos Dods diz: ?Conquanto o vinho da Santa Comunhão tivesse sido tão feiamente abusado, Paulo não proíbe o seu uso na ordenança. Sua moderação e sabedoria não tem sido seguidas universalmente neste ponto. Em ocasiões infinitamente menos se tem introduzido na administração da ordenança no sentido de impedir seu abuso por bebedores reformados suscetíveis e por um pretexto ainda mais leve introduziu-se uma alteração mais violenta há muitos séculos pela Igreja de Roma.? (3). O simbolismo da Ceia requer vinho fermentado Só o vinho fermentado corresponde ao pão asmo e é exigido pelas mesmas razões porque se requer o pão asmo. Em resposta ao nosso inquérito, Frederic J. Haskin, Diretor do Bureau de Informação de Washington, D. C. , deu a seguinte significativa resposta: ?O Bureau da Industria de Planta do Departamento de Agricultura dos EE. UU. diz que as uvas contêm naturalmente um agente levedante e que este está presente no suco. Quando então perguntamos o que acontecia a este fermento no processo da fermentação, o snr. Haskin respondeu: ?O fermento é consumido no processo de fermentação, de modo que o produto acabado, ou vinho, não contém nenhum.? Mas alguém pergunta o que fazer com o voto que alguns fazem de nunca tocar intoxicante algum. Respondemos que a consistência escrituristica e uma comemoração adequada da morte do Senhor devem preceder a um voto ou qualquer outra coisa. É melhor quebrar um voto do que falhar em guardar este memorial convenientemente. Deus não prende a ninguém responsável pela observância de um voto que impede o votante de honrar a Cristo devidamente. Aos que fizeram votos deixai-os aderir ao compromisso em geral; mas não deixem o voto introduzir-se entre eles e a comemoração correta da morte de Cristo. IV. A CEIA DO SENHOR É UMA ORDENANÇA DA IGREJA LOCAL Por isto queremos dizer que é para ser observada somente pelos membros de uma igreja local. Não é para a igreja convidar à mesa quaisquer fora do seu rol de membros e por isto também queremos dizer que não é para ser observada por indivíduos ou grupos de indivíduos outros que não na capacidade de igreja. Que é para ser observada somente pelos membros de uma igreja local damos aqui duas provas: 1. O PÃO SINGULAR NA CEIA SIMBOLIZA A UNIDADE DO CORPO SINGULAR Para uma discussão disto, vide a segunda divisão deste capítulo. Agora, para outros, que não os membros da igreja observando a Ceia, participar é incongruente com o simbolismo. 2. HÁ CERTAS CLASSES QUE A IGREJA É MANDADA NÃO COMER COM ELAS Vide 1 Cor. 5:11. Quando uma igreja convida a participar da Ceia aqueles de fora da sua comunidade, ela está desconsiderando atrevidamente esta injunção, porque ela não pode saber que alguns dos convidados não são das classes mencionadas em 1 Cor. 5:11. V. A COMUNHÃO ULTRA RESTRITA CONSIDERADA As provas supra de que a Ceia do Senhor é uma ordenança da igreja local, a ser observada somente pelos membros de determinada igreja, resolve a questão se membros de outras denominações deveriam ser convidados a participar da Ceia conosco. Mas desde que todos batistas não recebem a verdade quanto ao fato que a Ceia do Senhor é estritamente uma ordenança da igreja local, e desde que isto não faz a escrituralidade de nossa posição tão clara a gente de outras confissões como desejamos que seja, procedemos com uma consideração da comunhão ultra restrita assim chamada. Por que os batistas a praticam? Eles a praticam: 1. PORQUE CRISTO INSTITUIU A COMUNHÃO ULTRA RESTRITA. Quando Cristo instituiu a Ceia, só os onze apóstolos estavam presentes com Ele, tendo Judas já se retirado. Jesus ali não teve Sua mãe nem outros dos Seus seguidores em Jerusalém. Ele não convidou, tanto quanto podemos lembrar, o homem em cuja casa a Ceia foi instituída. Porque? Porque a Ceia não foi para ninguém mais senão Sua igreja. Daí, desde que os batistas não consideram a outros como membros da igreja de Cristo, também não os convidam à Ceia. 2. PORQUE A ORDEM ESCRITURISTICA OBSERVADA NO PENTECOSTES E DEPOIS LEVA À COMUNHÃO ULTRA RESTRITA. A ordem no Pentecostes e depois foi: (1) fé; (2) batismo; (3) comunhão com a igreja e (4) a Ceia do Senhor. Vide Atos 2:41,42. Esta é exatamente a ordem sobre que insistem os batistas. Eles não negam que outros tenham fé, mas negam que tenham recebido batismo válido e que sejam membros de uma igreja de Cristo. 3. PORQUE OS INTERESSES DA DISCIPLINA DE UMA IGREJA ESCRITURISTICA REQUEREM A PRÁTICA DA COMUNHÃO ULTRA RESTRITA. Em Rom. 16:17 e 1 Tim. 6:3-5 temos implícito fundamento de disciplina excessiva no caso de ensinadores persistentes do erro doutrinal. A necessidade de unidade na igreja também faz necessária a disciplina excisica no caso a pouco mencionado. Suponde agora que uma igreja ache preciso excluir um falso ensinador. Se a igreja pratica a comunhão livre, este falso ensinador pode ainda comungar com a igreja, não obstante o fato que participar da Ceia do Senhor é um dos privilégios mais íntimos e sagrados da comunidade da igreja. Concedendo que tal irá longe para nulificar a disciplina da igreja. Envolveria a igreja em notória incoerência. Se alguém não está ajustado para estar na igreja, ajustado não está para participar da Ceia do Senhor. 4. PORQUE É IMPOSSÍVEL OBSERVAR A CEIA DO SENHOR COM A COMUNHÃO LIVRE Uma igreja pode comer pão asmo e beber vinho com um grupo com divisões presentes, mas Paulo plenamente diz que ?não é possível comer a Ceia do Senhor? em tais circunstâncias. Vide 1 Cor. 11:19,20 na Versão Revista. Autor: Thomas Paul Simmons, D.Th. Digitalização: Daniela Cristina Caetano Pereira dos Santos, 2004 Revisão: Charity D. Gardner e Calvin G Gardner, 05/04 |
A CEIA DO SENHOR
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