Laurence A. Justice Quando são salvas pela graça de Deus, as pessoas naturalmente reagem com música como uma expressão de sua alegria, louvor e adoração. Para a maioria dos cristãos, é quase impossível pensar sobre adoração sem pensar em música. Quando Cristo Jesus salva uma pessoa, Ele dá a essa pessoa uma canção nova, uma canção que não mais tem os temas deste mundo, tais como lascívia, bebedeiras, trapaças e drogas e que não mais tem o estilo melancólico, sensual, estridente e discordante da canção do mundo.
Nos vários anos recentes, um tipo radicalmente diferente de música penetrou muitas de nossas igrejas. Essa música é conhecida variadamente de pop sagrado, rock cristão, novo som e música cristã contemporânea. A diferença na música cristã contemporânea, ou MCC — como a chamaremos daqui em diante —, e a música que caracterizou o Cristianismo em todos os séculos anteriores ao nosso século é esta: a MCC copia o estilo da música do mundo; as batidas pesadas e os sons contínuos e aflados do cantor, e leva esse estilo para ser parte da música da igreja. A MCC tem o mesmo estilo musical da música mundana com a diferença que juntou-se o estilo dessa música mundana com as letras religiosas e assim é chamada música cristã.
Certo comentarista dessa nova música disse que os músicos modernos da igreja correm depressa para usar o novo som, em vez de permanecerem com a canção nova. Estou convencido de que essa avaliação é correta e que todos os tipos de problemas ocorreram por causa da introdução da MCC nas nossas igrejas. Com a experiência de vários anos de estudo e observação, concluí que há muitas razões muito importantes por que os batistas não devem mais tolerar o uso desse tipo de música em nossas igrejas.
A MCC DESTRÓI A REVERÊNCIA DA ADORAÇÃOO estilo da MCC, inclusive os rítmos fortes da música rock, o volume alto e vocalização sensual não são favoráveis ao sentimento de profunda admiração, majestade e grandeza de Deus que é necessário para a adoração do alto e sublime Ser que habita a eternidade. Esse estilo não produz a paz e reverência calma que experimentam todos os que se acham na presença de Deus. A verdade é que aqueles que usam a MCC parecem conhecer só um nível de volume em sua música: ALTO. Recentemente, preguei numa igreja que tinha dois alto-falantes na plataforma de frente ao pregador e ao acabar o tempo de cantar do culto, eu tinha de pregar. Eu estava com uma forte dor de cabeça e com os nervos abalados por causa da MCC alta e estridente.
Que a MCC destrói a reverência da adoração não é apenas a opinião de um homem só. Basta uma observação casual de qualquer culto em que se usa a MCC para se comprovar isso. Esse tem certamente sido o caso na Assembléia Batista de Falls Creek em Oklahoma em recentes anos. Falls Creek é o maior dos 3 acampamentos religiosos do mundo com uma freqüência de até 30.000 adolescentes por ano.
O diretor musical conduz a congregação em algumas músicas contemporâneas ou o solista canta alguma melodia de rítmos fortes, sensuais — tipo baile —, e cria-se uma emoção geral, mas não é uma sensação de reverência e temor respeitoso. Em vez disso, é um ambiente de quase frenesi. Em alguns cultos não se pode ouvir o pregador com toda atenção, pois depois da música os jovens estão tão estimulados que estão completamente fora do controle no que se refere a alguma reverência pela presença e adoração de Deus. A boa música, a música cristã, a música eclesiástica tradicional brota de e contribui para um sentimento de reverência calma na presença do grande Deus com quem temos de lidar.
O CENTRO DA MENSAGEM DA MCC É O HOMEM, EM VEZ DE DEUSOs temas de música na Bíblia são Deus, Cristo e redenção. A primeira canção registrada na Bíblia é a Canção de Moisés em Êxodo 15:1-19. Essa canção louva a Deus por conduzir Israel na travessia do mar Vermelho. Começa com catorze referências a Deus na terceira pessoa tais como Ele, Deus, a Ele, o Senhor, dEle, etc. Moisés então vai de cantar sobre o Senhor a cantar ao Senhor usando referências de segunda pessoa tais como Teu, ó Senhor, de Ti, Tu e Ti. Ele usa 34 dessas referências de segunda pessoa a Deus nos próximos doze versículos. As ações e características de Deus compõem a maior parte do conteúdo da canção de Moisés.
Os temas de todas as grandes músicas da Cristandade durante os séculos têm sido a gloriosa pessoa e obra de Deus e Seu Cristo. Hinos tais como “Santo, Santo, Santo, Senhor Deus Onipotente”, “Ó Deus, Eterno Ajudador”, “Saudai o Nome de Jesus” falam dos grandes temas objetivos da cruz, o sangue de Cristo, a ressurreição, o céu e a justiça.
A MCC, por outro lado, é em grande parte introvertida, subjetiva e centrada em si mesma em seus temas. Seu centro é o “eu”. A música cristã deveria apontar as pessoas para Deus. Deve ser teocêntrico e não antropocêntrico.
AS LETRAS DA MCC SÃO MUITAS VEZES SUPERFICIAIS E DOUTRINARIAMENTE ENFERMASA mensagem é muitas vezes composta de uma ou duas frases consideravelmente inócuas repetidas vez após vez durante a música inteira. Os temas superficiais são tais como este: “se tiver problemas, simplesmente aceite Jesus e não terá mais nenhum problema”. Isso não só é uma mensagem superficial, mas também falsa.
Muitas vezes a MCC substitui as palavras Deus e Cristo pelas palavras “ele” e “a ele”, assim deixando para a imaginação do ouvinte sobre quem é que se está louvando e cantando. “Ele” poderia ser Buda ou Baal ou Elvis Presley ou qualquer pessoa. Por que estamos com medo de usar o nome de Deus e de Cristo em nossa tão chamada música cristã?
Boa parte da MCC se caracteriza por falsidades teológicas. Não muito tempo atrás ouvi a música contemporânea: “We Are His Hands” [Somos Suas Mãos]. Biblicamente, esse é um tema grosseiramente errado. Homens e mulheres não são as mãos de Deus nem somos Seus olhos ou ouvidos ou pés. O Deus soberano da Bíblia não depende de nós nem precisa de nós para fazer sua obra. Se Deus quisesse, Ele poderia fazer com que as pedras clamassem para pregar o evangelho. Ele não é limitado pelas mãos dos homens.
A MCC está abrindo a porta para o pentecostalismo entrar em nossas igrejas. A mensagem das letras e estilo da MCC são bem favoráveis ao pentecostalismo em nossas igrejas. Somos muito inconsistentes em nossa pregação contra o pentecostalismo enquanto ao mesmo tempo permitimos práticas tipo pentecostal, como bater palmas e balanceios da MCC, em nossos cultos.
O ESTILO MUNDANO DA MCC NÃO CONCORDA COM A MENSAGEM DE CRISTOCertos estilos de música completamente separados das letras das canções carregam certas mensagens. A música das marchas militares, canções de amor e canções de ninar carregam todas certas emoções e certas mensagens. O mesmo é verdade da música rock.
Os estilos de vida não cristãos podem ser caracterizados por certos tipos de música. Que tipo de música os usuários de drogas escutam e tocam? Não é geralmente música clássica ou hinos tradicionais. Há um relacionamento íntimo entre música rock e uso de drogas. A música com um rítmo rock apela em graus variantes aos desejos sensuais da carne. Muitas vezes estimula as paixões sexuais. Vários testes e estudos comprovaram esse fato.
Muitos músicos e regentes de igrejas parecem pensar que dá para separar o estilo de música das suas emoções e mensagem. Eles parecem pensar que o estilo de música é neutro e que só as palavras carregam a mensagem. Assim eles casaram a música que caracteriza um estilo de vida não cristão com letras “cristãs” e inventaram a MCC. Essa música combina palavras sobre Deus, céu e amor com o estilo de música que geralmente tem a ver com drogas, sensualidade e rebelião. A música rock ensina rebelião, uso de drogas ilícitas e sexo imoral. Como é que dá para unir com isso palavras de salvação, paz e Deus?
Na MCC o estilo da música prega uma coisa enquanto as palavras muitas vezes pregam outra. Nas músicas Escriturísticas e eclesiásticas a mensagem do estilo da música deve pregar a mesma coisa que a mensagem das letras. A música Escriturística e eclesiástica é música sagrada. Tem uma mensagem e estilo que são sagrados.
De fato, não há tal coisa como Rock Cristão. A música rock não é música neutra. É puro rock and roll demoníaco e degenerado, embora o tenham casado com letras cristãs.
A MCC BUSCA USAR AS FERRAMENTAS DE SATANÁS PARA FAZER A OBRA DE DEUSMuitos, se não a maioria, dos músicos e regentes que usam a MCC tentam justificar o que fazem dizendo que a MCC apela aos jovens. Portanto, devemos usá-la para alcançar os jovens para Cristo. Isso, é claro, é o tipo de filosofia “os fins justificam os meios” que está sendo utilizada em boa parte do evangelismo moderno. Essa filosofia diz: “Use qualquer método e quaisquer meios por mais carnais que sejam se for para ajudar a alcançar os jovens para Cristo”.
Deus ordenou certos meios e métodos mediante os quais Ele deseja que Sua obra seja feita. Ele consagrou que o único método para propagar o evangelho é pregação do evangelho: “Aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação”, disse Paulo em 1 Coríntios 1:21. Deus consagrou tanto o estilo quanto as letras da música sagrada quando Ele pede em Colossenses 3:16 que cantemos Salmos, hinos e canções Espirituais.
No capítulo seis de 2 Samuel, Davi buscou trazer a arca da aliança para a cidade de Jerusalém, o que era um projeto bom e digno. No entanto, em vez de usar o método prescrito de Deus e mandar que os sacerdotes carregassem, sobre os ombros, a arca suspensa a partir das varas, Davi carregou a arca numa carroça puxada por bois. A carroça deu um solavanco, a arca começou a cair, e quando um homem estendeu a mão para firmá-la, Deus o matou. O homem perdeu a vida porque Davi não fez a obra de Deus do jeito de Deus.
Não sabemos melhor do que Deus como se deve fazer a obra de Deus. E certamente não devemos tentar usar as ferramentas de Satanás para fazer a obra de Deus. Não devemos e não podemos usar meios carnais para alcançar objetivos Espirituais.
A MCC TRAZ O MUNDO PARA DENTRO DA IGREJAA MCC traz consigo um estilo mundano e uma atmosfera geral de mundanismo que de outra maneira não poderiam entrar em nossas igrejas com tanta facilidade. A MCC trouxe o batuque africano, os toques de tambor, os estilos berrantes e escandalosos de vestuário e cabelos, e os estilos vocais sensuais do mundo para dentro dos templos das igrejas e bem nas plataformas.
Certa vez recebi um panfleto de anúncio divulgando que um tão chamado grupo de rock cristão ia dar um concerto na região metropolitana da Oklahoma City. A foto incluída do grupo mostrava que os rapazes todos tinham chocantes cortes de cabeço de roqueiros punks e a aparência mal-humorada e insolente da cultura de drogas na face deles. Certo ano na Assembléia Batista de Falls Creek em Oklahoma um cantor adolescente imitou os requebros de Elvis em seu solo de MCC durante um dos cultos.
Não há mais muita distinção entre música sagrada e secular. É quase tudo a mesma coisa. Li acerca de uma mulher recentemente que estava dirigindo seu carro numa rodovia interestadual, escutando ao que ela achava que era uma emissora popular de rock secular. Mas ela acabou descobrindo que estava escutando uma emissora de rock cristã. Ironicamente, levou trinta minutos para ela descobrir que estava enganada.
Muitos cantores da MCC hoje agendarão concertos em igrejas, estádios municipais e clubes noturnos de Las Vegas. No templo do Antigo Testamento, os cantores e músicos eram todos levitas que haviam se separado do mundo. Um levita não cantava nem tocava para o Senhor num dia e num baile no dia seguinte. Ele era separado do mundo. Alguém disse muito bem que a música em nossas igrejas hoje reflete mais Hollywood do que o céu.
A MCC VÊ A MÚSICA COMO ENTRETENIMENTO EM VEZ DE ADORAÇÃOA instrumentação, a amplificação, o estilo musical, as fantasias, os movimentos corporais e as expressões faciais da MCC foram obviamente copiados dos artistas do mundo. Veja por exemplo o estilo de cantar dos que usam a MCC. É o estilo sensual e sufocante de baile em que o cantor sutilmente segura o fio do microfone com uma mão e com o microfone bem próximo da boca. Segurando o microfone desse jeito e cantando com tons soprados contínuos o cantor poderá obter aquele som sensual do cantor de baile. Acrescente-se a isso as contorções faciais de dor que esses cantores geralmente inventam e eles são impressionantemente semelhantes aos artistas de baile. A música da igreja agora se tornou pouco mais que profissionais de show. Cantores visitantes chegam a uma igreja e trazem seus amplificadores, microfones, pastas cheias de CDs, suas baterias e seus outros parafernálias e eles fazem um show sensacional.
A prática de aplaudir a música especial nas igrejas dá o sentido que estamos recebendo entretenimento das músicas na igreja. Os jovens evidentemente acham que a música na Assembléia Batista Falls Creek é entretenimento, pois durante os recentes anos em que participei, quando a música especial terminou, os jovens ficavam batendo palmas, assobiando, gritando e até ficavam de pé para aplaudir os cantores. O coral fez uma reapresentação em uma ocasião. Eu estava presente quando ocorreram essas coisas.
Aplaudir o cantor é trazer louvor e glória para o cantor em vez de Deus. Nossa música deve glorificar a Deus e não o cantor! Paulo está falando sobre Deus quando diz em Efésios 3:21: “A esse glória na igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre”. Nossa música deve tratar de adoração e não entretenimento. A igreja de Jesus Cristo não está no ramo de entretenimento.
A MCC PROFISSIONALIZA E COMERCIALIZA A MÚSICA DA IGREJAAgora há gravações de solistas e corais, grandes concertos de música gospel com vendas de ingressos, e muita conversa sobre cantores e apresentações. Há contratos e direitos autorais para compositores e cantores.
Algum tempo atrás recebi carta de um diretor de grupo de jovens anunciando um grupo de rock cristão que se chamava “Undercover” [Disfarçados]. Esse grupo de rock ia dar um concerto na igreja daquele diretor de jovens. A carta declarava que os ingressos para aquele concerto custariam $5 antecipadamente e $8 na entrada. Isso soa como adoração ou negócio comercial?
A MCC não mais tem a espontaneidade da adoração genuína. É tudo tão profissional e comercial! Os grandes hinos que perseveravam pelos séculos e que foram bênçãos imensuráveis para o povo de Deus foram escritos por homens e mulheres que amavam profundamente o Senhor. Eles não eram compositores e músicos profissionais que escreviam ou faziam shows por dinheiro. Muitos deles eram pregadores que escreviam a partir do transbordar de seus estudos pessoais da palavra de Deus e de sua adoração em particular.
A MCC SACRIFICA A INTEGRIDADE MUSICALCom a chegada da MCC nós não mais temos, se é que temos, ênfase no talento e dom musical em nossas igrejas. Rendemo-nos ao que é superficial, fácil, divertido, leitura de letras nos telões, calafrios, em vez de buscarmos ensinar, treinar e melhorar o talento e dom musical.
Os cantores hoje se apóiam nos microfones e amplificadores porque eles não foram disciplinados a projetar a voz a fim de serem ouvidos. O uso adequado da voz humana requer muito pouca amplificação.
Boa parte do que é considerado cantar não é cantar de forma alguma, mas em vez disso pode-se caracterizar como gritaria. Os cantores utilizam os tons ásperos contínuos do cantor de baile em vez de treinarem e cultivarem a voz para ser habilidosa e mais agradável.
Uma senhora na Oklahoma City me disse que certo dia, enquanto uma mulher em sua igreja estava cantando um solo nos tons ásperos elevados da MCC, passou uma sirene do lado de fora e os sons da sirene e da cantora ficaram quase indistinguíveis.
Os instrumentalistas de nossas igrejas estão sendo negligenciados, ignorados e rebaixados em importância porque muitos regentes e cantores não mais precisam deles. Em vez disso, eles usam acompanhamento playback. A música de igreja deve dar ênfase e almejar a melhor música com a melhor qualidade. Devemos nos especializar em melhorar o nível do talento musical e integridade musical em nossas igrejas porque nada, a não ser nosso melhor, é digno da adoração do Rei dos reis!
A MCC CAUSA DIVISÃO NAS IGREJASA MCC divide os jovens que geralmente gostam da MCC dos adultos mais velhos que geralmente não gostam da MCC. Divide os contemporâneos dos tradicionais.
A unidade na igreja é extremamente importante. Paulo diz em Efésios 4:3 que devemos nos esforçar para manter a unidade do Espírito no vínculo da paz. Um dos grandes benefícios de cantar hinos tradicionais na igreja é que cantá-los nos une em espírito, em mensagem e em atividade durante o momento de cantar. Conheço uma grande igreja batista que estava perdendo seus membros mais idosos rapidamente nos 18 meses desde que o pastor introduziu a MCC. Essa música não trouxe as multidões que ele falou que traria. Em vez disso, trouxe divisão para essa igreja e esse pregador se foi.
Certa vez enquanto eu era da Convenção Batista do Sul, falei com certo obreiro denominacional sobre minha grande preocupação sobre o uso da MCC em algumas atividades denominacionais. O homem ficou obviamente irado com meus comentários e ele respondeu que talvez eu devesse simplesmente me unir a uma denominação mais fundamentalista. Essa resposta apenas ilustra a própria natureza bem divisava da MCC.
CONCLUSÃOComo é que a MCC conseguiu entrar e se entrincheirar de modo tão firme em nossas igrejas? A culpa é em grande parte dos pastores que deixaram de prover elevados padrões e forte liderança necessária para insistir no uso de música Espiritual em nossas igrejas. Alguns pastores simplesmente cederam à MCC, muito embora soubessem que é errada.
À medida que pastores e regentes descobrem coisas em nossa adoração e em nossas igrejas e em nossas vidas que estão fora de sintonia com a vontade revelada de Cristo, eles devem agir para levar essas áreas em submissão da influência de Seu Senhorio e isso inclui a música que eles usam em suas igrejas.
Tradução: Julio Severo da Silva Revisão: Joy Ellaina Gardner Edição: Calvin Gene Gardner |
DEVERIA UMA IGREJA BATISTA TOLERAR MUSICA CRISTÃ CONTEMPORÂNIA?
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