A independência de Deus não exclui o Seu uso de Suas criaturas na execução de Sua vontade, mas significa que Ele não depende delas; Ele não tem obrigação de usá-las. A expressão: "Deus está dependendo de nós", faz Deus mais fraco do que nós. Deus nos usa na propagação de Sua causa, mas o que Ele faz através de nós poderia facilmente ser feito sem nós. Deus não deriva sabedoria ou poder algum de Suas criaturas. "Porque quem compreendeu a mente do Senhor? Ou quem foi seu conselheiro? Ou quem lhe deu primeiro a Ele, para que lhe seja recompensado"? Romanos 11:34-35. Paulo diz que nós temos o evangelho: "Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós". 2 Coríntios 4:7. O evangelho é proclamado por lábios de barro, mas o poder da salvação não está no que fala, mas na demonstração do poder do Espírito, para que a fé do pecador não seja resultante da sabedoria do homem, mas do poder de Deus. 1 Coríntios 2:4-5. A fé não é resultado do poder persuasivo do homem; mas fruto do Espírito. Gálatas 5:22. O novo nascimento não resulta da vontade do homem, ou da carne, (João 1:13), mas da vontade de Deus (Tiago 1:18). O sucesso no ministério de Deus não depende do pregador; mas o pregador depende de Deus. A FAZENDA MALTRATADA Conta-se a história dum homem que comprou uma fazenda em estado precário. Por três anos a cultivou e conseguiu produzir as necessidades básicas. Um dia um pastor lhe fez uma visita. Enquanto os dois passeavam pela fazenda o fazendeiro ia mostrando uma e outra plantação frutífera. O pastor fez então a observação de que Deus e o fazendeiro pareciam ser parceiros nos negócios. Quando o pastor se despedia, o fazendeiro disse: "Concordo que Deus é meu parceiro nos negócios. Concordo com cada palavra. Mas pastor, eu queria que o senhor visse este lugar quando Deus estava fazendo tudo sozinho"! Esta piada não tem lugar na vida cristã, pois ensina que Deus dependia do fazendeiro para cultivar a terra. Aquela fazenda no seu estado inicial não era demonstração do que Deus faz, mas sim uma mostra do que o mal uso pode fazer ao que Deus nos dá. Os espinhos, abrolhos e o mato que havia crescida ali na fazenda eram lembretes do pecado. Não demonstravam o que Deus pode produzir mas o que o homem merece. Deus fez a terra frutífera e boa; o pecado causou a abundância de espinhos e plantas daninhas. Uma fazenda infrutífera não representa o melhor que Deus pode fazer. Deus usou o fazendeiro ao produzir boas colheitas, mas Ele não dependia dele. Moisés advertiu Israel do perigo de dizer: "A minha força, e a fortaleza da minha mão, me adquiriu este poder". Deuteronômio 8:17-18. Nosso Salvador também nos ensinou a orar: "O pão nosso de cada dia nos dá hoje". Mateus 6:11. Deve haver um modo de ensinar a verdade da responsabilidade do homem, sem produzir orgulho na criatura e sem destronar a Deus. Não devemos pregar uma verdade à custa de outra. O homem é uma criatura responsável. Ele é responsável às ordens de Deus. O homem é responsável para trabalhar para ganhar seu pão, mas mesmo após todo o trabalho, ele depende de Deus para isso. Nenhum homem capaz de trabalhar deve esperar o seu pão sem ser através do trabalho; não porque Deus não pode dar-lhe o pão sem trabalho, mas porque Deus não recompensa a preguiça. Que Deus tem poder de alimentar os homens sem os seus esforços se vê na queda do maná no deserto, e quando sustentou Elias com a ajuda dos corvos. Deus não Se encontra assentado num trono precário, nem necessita de empréstimos. Para melhor estudarmos a independência de Deus iremos dividir o assunto em duas partes: Auto-existência e Auto-suficiência. DEUS É AUTO-EXISTENTE (EXISTENTE POR SI MESMO) Todo ser deve ter base para sua existência, dentro ou fora de si mesmo. A base da existência humana é exterior; o homem não faz a sua própria existência. O homem é dependente de algo fora de si mesmo para existir, mas Deus não é dependente assim. Certo é que não compreendemos a auto-existência de Deus; é demais para o entendimento da mente finita. Mas uma pessoa que é auto-existente não é um mistério tão grande para compreendermos quanto a auto-existência de uma coisa, como Herbert Spencer, pensa que é nosso universo. É mais fácil ver como a matéria se deriva da mente do que ver como a mente é derivada da matéria. A base da existência de Deus não jaz na Sua vontade; mas em Sua maneira de ser. Ele não quis existir pela Sua vontade; Sua natureza é existir. Ele existe natural e, portanto, necessariamente. DEUS É AUTO-SUFICIENTE O Ser auto-existente tem por necessidade ser auto-suficiente. Deus é auto-suficiente em Seu sustento, Sua glória e em Seu prazer. "Porque dele e por ele, e para ele, são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém". Romanos 11:36. Deus contém em Si mesmo todas as excelências, perfeições e alegrias. É bem necessário distinguir entre o que Deus é em Seu ser existencial, e o que a criação declara que Ele é. "Os céus declaram a glória de Deus", (Salmo 19:l), mas não acrescentam nada a Ele. Os homens devem atribuir glória a Deus em seu comer e beber (1 Coríntios 10:31), mas isto nada lhe adiciona, antes é um simples reconhecimento dela. Em Juízes 5:23, temos esta expressão, "porquanto não vieram ao socorro do Senhor", mas isto não indica que Deus precisava da ajuda homem, mas que é obrigação do homem servir a Deus. Salmo 78:41 diz que Israel limitou o Santo de Israel, mas isto somente implica na atitude de desconfiança de Israel. Eles agiam como se Deus não tivesse o poder de cuidar deles durante a peregrinação no deserto. Ainda mais, eles O limitaram em Sua autoridade, isto é, agiam como se Deus não tivesse o direito de dar ordens. Com sua murmuração mostraram seu desprazer pelas providências de Deus. Na mesma passagem lemos que eles tentaram a Deus, isto é, agiam de maneira como se Deus pudesse ser tentado. Em sua descrença colocaram Deus à prova. DEUS É ESSENCIALMENTE BENDITO Ele é chamado de Deus bendito ou bem-aventurado em 1 Timóteo 1:11, 6:15. Esta felicidade não pode ser aumentada nem diminuída. O pecado merece e recebe seu desprazer, mas isto não destrói Sua felicidade. A retidão em Suas criaturas morais recebe Sua aprovação, mas não acrescenta nada à sua felicidade e glória essencial. Ele era feliz e glorioso antes de existir qualquer criatura e Ele continuará em Sua felicidade mesmo quando o inferno estiver cheio de perversos. A alegria de Deus baseia-se sobre três fatos: 1. Não há conflito moral com Deus. Ele está em paz consigo mesmo. Deus é infinito em sabedoria e, portanto, não passa tempo lastimando Seus erros. Ele é infinito em santidade e, portanto, não conhece remorso pelo pecado. Mesmo existindo três pessoas na Divindade, Elas formam uma união absoluta e vivem em perfeito acordo. A paz é o grande desejo da raça humana, mas ela pertence principalmente a Deus. Ele é chamado o Deus de paz. Hebreus 13:20. E existe harmonia perfeita entre todos os Seus atributos. "A misericórdia e a verdade se encontraram: a justiça e a paz se beijaram". Salmo 85:10. 2. Deus não conhece limites. Ele nunca chega ao fim. Seus recursos jamais se acabam. Nunca Ele Se encontra em estado de emergência. Ele nada conhece de crises. Ele nunca apela a novos negócios, pois Seus planos e propósitos são eternos. A sabedoria fez todos os Seus planos e Seu poder os executa, portanto, todas as Suas obras já lhe eram conhecidas antes da fundação do mundo. Nunca existiu um tempo quando Deus duvidasse do que faria ou do que poderia fazer. Ele não tem um laboratório experimental onde pode aprender o que é melhor, pois sabe naturalmente o que é melhor. Em todos estes pontos, o homem se contrasta grandemente com Deus. Muitas vezes nosso saber chega ao fim. Somos limitados em poder e sabedoria. Temos limites de tempo, mas Deus é o Rei da eternidade. Josué quis mais tempo no dia para terminar sua obra, e Deus prolongou o dia. Napoleão, em Waterloo, viu caírem as sombras da noite sobre seu exército derrotado e relata-se que ele disse: "Ah! Se eu tivesse o poder de Josué para retardar a marcha do sol por uma hora"! 3. A alegria de Deus consiste em Sua santidade. O pecado destrói a alegria. Veja Adão e Eva no jardim do Éden antes e depois do pecado. Nada para lhes destruir a alegria até o momento do pecado. O pecado promete alegria, mas não é capaz de produzi-la. O pecado é traidor. Pecar é romper com Deus, e como Ele é fonte de toda alegria, quando o homem rompeu os seus laços com Deus, ele perdeu seu prazer e alegria. Nenhum homem em seu estado natural, como pecador, tem verdadeira paz e alegria, pois são frutos do Espírito. Gálatas 5:22. O povo de Deus não será perfeitamente feliz até estar completamente salvo, e isto não acontecerá até que sejamos conformados a imagem do Senhor Jesus Cristo na glória da ressurreição. Isso quer dizer, quando estivermos com Ele lá no céu, salvos da presença do pecado. "Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; Eu me satisfarei da tua semelhança quando acordar". Salmo 17:15. Satanás dá uma felicidade falsa. Ele construiu um paraíso de néscios neste mundo para os loucos. Mas Deus que sempre está feliz fará Seus filhos verdadeira e eternamente felizes, num paraíso real e duradouro. Sua graça nos satisfez com a justiça de Seu Filho imputada a nós, para a justificação. Em nós Ele criou uma sede por retidão pessoal, e esta sede será saciada quando formos glorificados. Aqui temos Sua promessa: "Bem-aventurados os que têm fome e sede da justiça; porque eles serão fartos". Mateus 5:6. Que alegria é saber que um dia teremos a perfeição que hoje almejamos! Autor: C. D. Cole Revisão 2004: David A Zuhars Jr |
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