Os estudantes da Bíblia enfrentam um perigo que é o desenvolvimento de pontos de vista desequilibrados acerca de doutrinas. A pessoa que rejeita tanto a graça comum quanto a graça eficaz sempre interpretará de maneira errada não só a Bíblia como também muito do que acontece ao seu redor. Um pastor tempos atrás atribuiu a delusão de muitos "crentes nominais" a pregadores que não poderiam discernir entre a graça comum e a graça salvadora, ou aqueles que pregam a graça comum sendo suficiente. Nos dias de hoje quantas pessoas têm errado ao atribuir à regeneração a um movimento religioso. Então vamos examinar algumas das obras do Espírito que provêm da regeneração. I CONVICÇÃO Em Gênesis 6:3, vemos que o Espírito de Deus contendeu com os homens antes do dilúvio. Não há dúvida, o Seu poder fez com que a pregação de Enoque convencesse a muitos. Desde aquele dia, multidões como Félix (Atos 24:25) têm se espavorido diante da pregação da Palavra de Deus, enquanto outros como Herodes têm recebido a Palavra de Deus de bom grado (Marcos 6:20). Nosso Senhor promete que o Espírito convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo (João 16:8-11). Tanto na Bíblia quanto em nossa experiência devemos estar convictos de que muitos não serão salvos, mesmo sabendo como é ser tratado por Deus. II. INFLUÊNCIAS ESPIRITUAIS Na regeneração, é efetuada uma obra permanente no espirito do homem. O seu coração é movido a amar a Deus e Seus olhos são abertos para que vejam verdades espirituais. A fé que é fruto da regeneração nunca pode ser vencida (I João 5:4,5). Tudo isso é atribuído ao poder do Espírito Santo (João 3:5). Nada menos que um novo nascimento pode salvar um pecador, no entanto, existem obras menores feitas pelo Espírito e muitos erram ao pensar que essas obras são a regeneração. Somente Deus conhece de perto aqueles que vivem de aparências e que não são salvos. Não conhecemos homens que parecem amaram a Deus e na verdade, mais ao fim, caíram? A perseverança parece ser a maior marca que distingue a regeneração dos efeitos temporários da graça comum. Isto ficou tão evidente que teólogos, no passado, falaram das influências da graça comum como sendo a graça temporária. Queremos frisar três dos muitos versículos que provam isto. A. Em Mateus 13:1-24, temos tanto a parábola do semeador quanto a exposição inspirada que Cristo faz da mesma. Esta parábola ensinou que os discípulos deveriam esperar em Seus ministérios e isso tem iluminado a muitos pregadores desde aquele dia. Talvez a lição mais importante da parábola tenha sido o fato de muitos terem recebido a Palavra de Deus e confessado a Cristo, provando isso posteriormente através das suas vidas e reconhecendo que estavam sem Cristo. Mesmo que o homem, pela sua natureza, odeie a Deus, alguns, por influência do Espírito, recebem a Sua Palavra com alegria (v. 20), porém a mudança não é duradoura. A fé verdadeira é vitoriosa, mas a fé temporária pode ser vencida pelas perseguições (v. 21), tentações (v. 22), e heresias (II Timóteo 2:18). A parábola do semeador é ilustrada em todos os lugares pelas igrejas evangélicas existentes. B. Em II Pedro 2:20-22, temos um outro caso de influenciados pelo evangelho, porém mais tarde revelam o Seu estado não regenerado. O autor tem achado proveitoso comparar esta referência com II Pedro 1:3-4 para mostrar a diferença entre a graça comum e a graça salvadora. 1. Notaremos primeiramente as caraterísticas daquelas pessoas em II Pedro 2:20-22 que só experimentaram uma mudança temporária a. Eles escaparam por um certo tempo dos pecados mais grossos (v. 20). b. Eles receberam um grau de iluminação (v. 20). Isso relembra-nos de Balaão, que recebeu uma visão de coisas divinas a ponto que dizer: "Que a minha alma morra da morte dos justos" (Números 23:10) mas Ele morreu sem Cristo. c. Eles caíram (v. 20-22). Pedro compara estes aos porcos e aos cães que só ficavam limpos por pouco tempo, mas evidentemente as suas verdadeiras naturezas foram reveladas quando voltaram aos seus velhos hábitos. 2. Vejamos as caraterísticas dos homens regenerados em II Pedro 1:3,4. a. Não só escaparam dos pecados grossos, como também submeteram as suas concupiscências a Deus. b. Foram "chamados" à sua glória e virtudes. c. Foram "participantes da natureza divina." d. Receberam a "tudo o que diz respeito à vida e a piedade," e não só algumas influências. e. Não há menção de que estes tenham caído. C. A última referência que veremos está em Hebreus 6:4-6. Alguns dos judeus que confessaram a Cristo corriam o risco de recair. O autor da Epístola aos Hebreus adverte que aqueles que negam a Cristo depois de terem experimentado influências graciosas do Espírito de Deus estão sem esperança. Pensamos em homens tais como Balaão, Judas, Saul, Demas, ou os Israelitas que morreram no deserto. Eles experimentaram o sopro do céu, mas morreram perdidos e sem esperança. 4 4. Para uma exposição mais ampla de Hebreus 6:4-6, o leitor deve consultar os comentários de: João Brown, João Gill, Arthur Pink ou Adolph Saphir. III. O PROPÓSITO DA GRAÇA COMUM O aluno pode estar curioso para saber o propósito de Deus para a graça comum. Veremos alguns dos propósitos das operações do Senhor. A. A bondade de Deus é magnificada. Deus manifesta a Sua bondade pela comida, bebida, respiração e vida, dada aos Seus inimigos. Deus sofre a muito tempo com aqueles que insultam o Seu nome. Deus enviou Seu evangelho de reconciliação a muitos desses rebeldes, e até mesmo opera em seus corações uma preocupação com as coisas espirituais. Não é verdade que estas coisas, dadas misericordiosamente por Deus, mostram a sua bondade? Alguém pode argumentar dizendo que a graça comum não é a graça salvadora, Deus não é sincero ao estender a graça comum. Esta objeção é falha, pois a pessoa não nota que o pecado do homem é que faz com que a graça comum seja ineficaz. Se o homem não fosse totalmente depravado, ele poderia responder à chamada universal do evangelho. Deus não tem a obrigação de fazer algo para o homem, e, tudo o que Ele faz é manifestação da Sua bondade. B. A natureza depravada do homem é verdadeiramente exposta pela graça comum. O fato de que qualquer influência a menos de uma ressurreição espiritual, revela realmente o grau da depravação humana. Não são as bênçãos físicas, nem uma mensagem de amor, nem a atração do Espírito Santo que podem ser aproveitadas até que uma nova vida seja dada. Observação: Isso certamente expõe a falha da doutrina Arminiana de que a graça comum é a graça suficiente. C. A graça comum verdadeiramente revela a justiça de Deus no julgamento. Em Romanos 1:18-20, podemos ver que a revelação de Deus pela natureza faz com que o homem seja inescusável. Em Romanos 2:15,16, descobrimos que os pagãos serão julgados baseando-se na lei escrita em seus corações. Sendo que a graça, de qualquer jeito, é uma opção para Deus, o homem não tem como se desculpar. D. A forma como Deus graciosamente trata o mundo como um todo é um exemplo de como o crente deve tratar o seu próximo. Se queremos ser como nosso Pai Celestial devemos amar e fazer o bem aos nossos inimigos (Mateus 5:38-48). Conclusão O autor ora para que cada um ao estudar esta lição possa achar algum discernimento sobre como Deus opera para com o homem. Há muitos que descansam numa experiência passageira e precisam ser acordados à sua real condição. Quando Cristo Disse, "Porfiar por entrar pela porta estreita;" (Lucas 13:24) não foi uma advertência a que atentássemos ao tipo de fé que temos? Não deveriam entender este assunto todos os que trabalham com almas se quisessem ser guias fieis para os cegos? Autor: Pr Ron Crisp Tradução: Albano Dalla Pria Revisão e Editoração: Calvin Gardner |
A OBRA DO ESPÍRITO SANTO NA GRAÇA COMUM PARTE II
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