Lucas 19:11-27. Esta parábola foi contada em Jericó, durante a última viagem que o Senhor Jesus fez a esta cidade. O Calvário, com todo o seu horror, estava às portas. Uma tensão de espírito incomum marcava o comportamento de nosso Senhor, e todos estavam admirados e com medo. Havia uma eletricidade no ar e todo mundo sentia que alguma coisa estava para acontecer. Alguns pensavam que o reino de Deus ia chegar imediatamente. Por isso Jesus contou esta parábola, a fim de diminuir mais a expectativa, a qual podia, facilmente, se transformar numa rebelião contra Roma. Jesus disse ao povo qual era Seu plano, na realidade. Ele tinha que ir a um país longínquo, para receber o reino, e por isso ia demorar. Quando voltasse, não era para fazer o que estavam pensando. Todos achavam que o reino significava a soberania de Israel sobre as nações. Mas Jesus ensinou que Ele ia destruir os cidadãos rebeldes e inspecionar rigidamente a fidelidade dos servos. Enquanto prosseguimos com a história, podemos notar: 1. O PEQUENO CAPITAL RECEBIDO PELOS SERVOS, COM O QUAL TINHAM QUE NEGOCIAR. Cada qual recebeu uma mina, ou vinte reais. Naturalmente o poder aquisitivo daquele tempo era consideravelmente maior do que o de hoje. Cada servo recebeu a mesma quantia, a qual era muito pequena. Qual o símbolo desta mina? O que é que todos os crentes têm igualmente e na mesma quantidade? Que é que todos possuem com igualdade: o rico e o pobre; o sábio e o ignorante; o preto e o branco; o homem e a mulher? Não é a mensagem da salvação, que todos nós chamamos o Evangelho de Cristo? Este é a mina, e toda pessoa salva o tem. Podemos diferir em muitos aspectos - incapacidades e outras coisas, mas todos nós estamos no mesmo pé de igualdade - pois temos a história do Evangelho. Notem a pequenez da dádiva: só uma mina. Isto pode representar o Evangelho? Mas voltem ao tempo da elocução e poderão ver a beleza, a sensibilidade e o poder da metáfora. De um lado, um punhado de discípulos rodeados por um mundo hostil e com grande poder material, com filosofias sistematizadas, com forças militares e com uma religião venerável. Do outro lado, doze Galileus com a simples história da cruz, a pedra de tropeço para o judeu e loucura para o grego. A loucura da pregação, este era o pobre talento, segundo o valor estimativa do homem. Iam entrar na área dos negócios de um modo muito pobre. Mas a loucura de Deus é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Era a repetição da funda e cinco pedrinhas do riacho, na mão de um rapaz, que encurtou a obra do gigante. Ele deu uma mina a cada um - esta era a herança do mestre. Mas o que parecia ser tão insignificante, era o poder de Deus para a salvação. Notem o propósito da dádiva. Era para se viver e negociar com ela. Assim nós, como eles, temos que viver do Evangelho e também negociar com ele. Temos que usá-lo para nós mesmos e para os outros. Temos a salvação não só para nos alegrarmos com sua doçura e segurança, mas também para negociarmos com ela. Temos que operar nossa salvação com temor e tremor. O Evangelho da salvação é nosso capital inicial. Há dois modos como podemos usá-lo. Um para moldar nosso caráter, e para nos tomar mais voltados às coisas celestiais e como Jesus. Temos que viver dele, para crescermos e nos fortalecer nas coisas espirituais. Temos que fazer o Evangelho frutificar em nossa conduta, em nosso andar e em nossa vida, através dos seus santos princípios. Depois temos que falar aos outros. Não devemos enrolar o Evangelho em nossos lenços de contentamento pessoal, sem fazer nenhum esforço para dá-lo aos outros. E este é o trabalho, não só do pastor, mas de cada crente. O mundo nunca será evangelizado por governantes. Cada crente deve ser uma testemunha, que conte a história da cruz de Cristo. A pessoa que guarda seu talento e fala dele a ninguém, é igual ao avarento, que coloca seu tesouro numa meia velha e o esconde num buraco no chão. Ao desenterrá-lo, terá a surpresa de ver que todas as moedas escorregaram para fora da meia. Se quiser guardar sua salvação, fale aos outros sobre ela. Se quiser aumentá-la, então semeie. Como tantas pessoas se sentiram mais felizes, se saíssem de suas conchas e negociassem seu talento. Lemos no Salmo 126:6: "Aquele que leva a preciosa semente, andando e chorando, voltará sem dúvida com alegria, trazendo consigo os seus molhos". 2. OS VÁRIOS TIPOS DE LUCRO AO SE NEGOCIAR. 1. Houve uma desigualdade de lucro, apesar do capital ter sido o mesmo. Um disse: "Tua mina rendeu mais dez". Outro disse: "Tua mina rendeu mais cinco". E todos, mesmo os não mencionados, devem ter tido lucros variados. Todos tinham a mesma quantia para começar, mas terminaram com resultados diferentes. Um ganhou dez vezes mais que o outro, e um deles não ganhou nada com o seu. 2. Onde estava a diferença? Não nos resultados aparentes. Os resultados exteriores podem ser causados pela diferença de posição, campo de trabalho ou oportunidade, pelos quais não somos responsáveis. A diferença também não está no número de almas salvas por nosso trabalho, nem pela quantidade de dinheiro que angariamos, nem pelo tamanho da igreja em que somos pastor ou membros. O homem colocaria a diferença nestas coisas, mas o homem é apto a cometer erros. A diferença nos lucros é aquela que vemos na devoção e fidelidade. Se todos tivessem trabalhado com a mesma diligência e fidelidade, os lucros teriam sido iguais, não importa a diferença dos resultados exteriores. O diácono pode receber tanta recompensa quanto o pastor, e a viúva humilde pode receber tanto quanto os dois - e mais, se for devotada e fiel em sua esfera de vida. A velha lei de Israel afirma o verdadeiro princípio da recompensa cristã: "Qual é a parte dos que descem à peleja, tal também será a parte dos que ficaram com a bagagem", 1 Samuel 30:24. Ser pastor, ou rico, ou cheio de talentos não vai adiantar nada neste aspecto. Algumas das queridas senhoras de nossas igrejas, que vivem anonimato, podem ter mais lucro com sua mina, do que o pastor, mas só se forem mais fiéis em suas posições. 3. TODOS QUE NEGOCIARAM, TIVERAM LUCROS. Nenhum trabalho é vão no Senhor. Não há grandes dívidas neste negócio, nem investimento que resulte em perda. O homem que vive pelos princípios do Evangelho, e tenta ganhar outros para Cristo, será bem sucedido. Contudo, na realidade, pode ser que aos olhos dos outros e aos seus próprios olhos, ele pareça um fracasso. Se tentar desenvolver esta igreja em graça, santidade e liberalidade, mas não vir resultado, vou ganhar tanto quanto receberia se tivesse sido bem sucedido. Se você se recusar a colaborar, e não atender ao apelo para ser fiel, quem perde é você, não eu. O homem que trabalha pelo Evangelho não perde nada. Ninguém pode chegar e dizer: "Senhor, pus Tua mina em minha pequena loja, fiz a melhor que pude e agora ele se acabou. Todo aquele que trabalha, vai receber alguma coisa. O homem com as dez minas de lucro fez isto porque trabalhou mais. O de cinco recebeu o que merecia por seu trabalho também. E o que perdeu sua mina é ele que se recusou a usá-lo, guardando-o enrolado no lenço. Ele não acreditou que Deus ia recompensá-lo. Achava que a mina era tudo que podia ganhar. Sentia ser inútil tentar usá-lo. Achava que lhe era impossível ganhar uma alma que fosse para Cristo, e por isso nem ao menos tentou. Há uma lei inexorável, tanto na natureza como na graça, que diz: "aquilo que não usamos, perdemos". Aumentamos que temos pelo uso; ganhamos gastando. Provérbios 11:24 diz: "Alguns há que espalham, e ainda se lhes acrescenta mais: e outros que retém mais do que é justo, mas é para a sua perda. Coloque seu braço numa tipóia e deixe-o ficar assim seis meses. No fim verá que perdeu o uso dele. O que faz um lutador campeão ter braços e músculos tão fortes? Todo mundo sabe a resposta. Porque ele os usa treinando e lutando. 4. A DECLARAÇÃO FINAL DOS LUCROS. O mestre voltou e os servos prestaram suas contas. Ele queria saber o que tinham feito com o dinheiro que colocara em suas mãos. Isto nos mostra, através de uma metáfora, o que espera a todos nós além-túmulo. 1. Notem que todo o lucro é aplicado ao capital. Os servos disseram: ?Tua mina rendeu". Ninguém disse: "Eu ganhei". Se eu viver aos princípios do Evangelho, tentando fazer com que os outros creiam nele, a bênção que receba vem da verdade do Evangelho e não do meu uso dele. É a alimentação que me nutre, não meus dentes. É o Evangelho, e não minha confiança nele, que é a verdadeira causa da minha santificação. Paulo disse: "Não eu, mas a graça de Deus que habita em mim". É a pessoa que ganha outra pessoa? Paulo podia plantar, e Apolo regar, mas Deus dava o crescimento. 2. Aqui está um ponto de contraste. Cada servo sabia exatamente qual seu lucro obtido. Cada um deles disse: ?Tua mina rendeu tanto. Mas isto é o que não sabemos, nem podemos saber nesta vida. Será Ele, quem vai nos dizer o lucro, quando voltar. Hoje andamos no escuro. Nosso trabalho será visto como é na realidade, à luz de Sua presença. Haverá dois tipos de desilusões em Sua volta. Por um lado, muitos que vão esperar grandes recompensas ficarão desapontados, pois só pensam em posição, prestígio e resultados visíveis, esquecendo-se que Deus recompensa os motivos e a fidelidade, não os resultados. Por outro lado, muitos que dirão: "Senhor, trabalhei em vão e gastei minhas forças por nada", verão que estavam errados, e que onde viam falhas havia resultados sólidos. Aqueles que talvez esperam receber muito, serão os que receberão pouco. Há os que dirão: "Senhor, quando Te vimos na prisão e Te visitamos? Não sabíamos que tínhamos feito isso". Mas quem dá um copo de água fria, em nome de discípulo, sendo este copo de água o que tem, não vai perder sua recompensa. Ó irmãos, é a devoção e a fidelidade que irão contar naquele dia de todos os dias, quando Jesus voltar com Seu galardão. Autor: C. D. Cole |
A PARÁBOLA DAS MINAS
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